* Por Ángel Rico
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Respeitado Senhor, Dr. Passos Coelho,
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Começo por recordar que tive o
privilégio de conhecê-lo pessoalmente, em 24 de abril de 2009, em Portalegre, naquele
almoço privado de (6 pessoas), em que tivemos a oportunidade de falar sobre a
política do momento, em Portugal e em Espanha, e daquilo que esperávamos para o
futuro. O senhor, como eu, éramos (então) dois cidadãos sem qualquer cargo
orgânico em partidos políticos. Por isso, quando em 20 de março de 2010, foi
eleito Presidente do Partido Social-Democrata
(PP/PSD) em Portugal, eu fui uma das
pessoas que mais se alegrou por essa eleição, e essa satisfação aumentou quando
o senhor foi eleito, a 21 de junho de 2011, para dirigir o XIX Governo de Portugal, na XII
Legislatura, tendo maioria absoluta com 132 apoios na Assembleia da República. Devo dizer-lhe que, um
servidor, atualmente continuo a ser independente, mas não cego.
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Desde então, em privado e em
público; oralmente e por escrito; em Espanha, Portugal e na Bélgica (Bruxelas),
defendi a minha crença de que: o senhor tiraria Portugal da enorme situação de crise em que se encontrava, devido
às prejudiciais políticas governamentais, aplicadas por governos anteriores.
Inclusive, um grupo de empresários empreendedores profissionais e engenheiros,
decidimos trazer para Portugal vários projetos de “Turismo”, de “Investigação e
apoio à Medicina moderna”, e de “Desenvolvimento
Rural”; este último foi aquele que serviu para que o senhor e eu nos
conhecêssemos no Instituto Politécnico
de Portalegre em 2009. O projeto de “Desenvolvimento
Rural” é horizontal e inovador, gerador de emprego, que irá colaborar com a
Segurança Energética de Portugal, colocando
à disposição da sociedade uma admirável quantidade de I+D+i, fixando a população rural ao território e aumentando de
forma notável o PIB nacional. Para
que este projeto seja uma realidade apenas necessitamos de “uma pessoa designada
por si, que possa coordenar com autoridade os diferentes departamentos
governamentais envolvidos no mesmo”.
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O nosso entusiasmo era
contagiante em 2012 e 13. Fomos-lhe informando de todos os passos íamos dando,
através do seu Gabinete. Contudo, esse entusiasmo
foi-se transformando pouco a pouco em melancolia quando chegaram os anos 2014 e
15, e até então ter sido “impossível” efetuar uma reunião com um departamento
do governo com capacidade de tomar decisões. Todas as vezes que as reuniões
técnicas efetuadas com diferentes Chefes de Serviço indicavam que, correspondia
ao topo da pirâmide governamental, tomar as decisões pertinentes. Foi impossível,
durante a XII Legislatura realizar
uma reunião consigo ou com os Ministros ou Secretários de Estado com responsabilidades
no Projeto! Impossível em toda a XII
Legislatura!
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No seu gabinete não nos deixarão
mentir, porque lhe fomos dando conhecimento (uma e outra vez) da nossa decepção,
pela forma de atuar de diversos membros da equipa do governo. O pior não foi a
decepção daqueles que estão a desenvolver os diversos projetos; o pior foi a
decepção de milhares de portugueses de diferentes áreas, que devido ao marasmo governamental,
não puderam beneficiar dos possíveis resultados destes projetos, e foram esses
portugueses que o olharam a si e ao Dr. Paulo Portas com uma assombrosa
incredulidade. E nós, não podíamos continuar calados quando estávamos cientes
de que, em matéria de Desenvolvimento Rural,
o XIX Governo Constitucional, às
vezes ia na direção errada e outras vezes simplesmente não se movia.
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Gostaria de sugerir-lhe que, para
retomar o rumo certo que Portugal e o PSD necessitam, basta voltar a ler o
livro “Mudar” escrito por si, em 2010, e aplicar a sua filosofia.
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A nossa confiança em si ficou
demonstrada através do documento que registamos no dia 31 de Julho (com cópia
para o Vice Primeiro-Ministro), na sede do Primeiro-Ministro, em que insistíamos
na possibilidade de nos reunirmos consigo e que, entre outras coisas, lhe dissemos:
--“Devemos tratar as petições ao partido de V. Exa. com o mesmo interesse ou
indolência que o XIX Governo Constitucional teve connosco durante todo este
tempo, um quid pro quo que deverá ser compreendido”--. (sic)
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Em quatro de outubro, os
portugueses puderam manifestar-se e infelizmente para Portugal e para si, nós
tínhamos razão! Se “vox populi, vox dei” a voz do povo indicou que o futuro governo
tem de ser menos apático e mais dinâmico do que o governo anterior, em que o
Sr. Primeiro-Ministro, se propôs a “trabalhar diariamente como 20” em vez de “fazer
com que 20 (da sua equipa) efetuassem as suas funções”.
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Os 4.273.748 de portugueses que não votaram, mais os 112.851 que votaram em branco, juntamente
com os 738,754 apoios perdidos pela
“PaF” respeitante a 2011, o que
significa 25 deputados menos na Assembleia
da República, deveria ter significado dentro do PPD/PSD uma importante chamada de atenção para admitir que: --algo se fez
mal e que é urgente resolver os erros do passado para recuperar o apoio
perdido--. Não faça caso das minhas palavras, Dr. Passos Coelho, mas recorde Confúcio
quando disse: -- “O homem que cometeu um erro e não corrige, está a cometer um
erro ainda maior”--.
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Com a mesma lealdade, com a que avaliei as
expectativas do seu governo em 2011 e 2012, também critiquei o posterior
deambular do mesmo em matéria de Desenvolvimento
Rural nos anos 2013, 2014 e 2015.
Neste momento, Portugal encontra-se numa perigosa encruzilhada política, e os
portugueses questionam, com certa lógica, o Primeiro-Ministro e a sua
liderança. Por isso, e baseando-me em Charles
Dickens: --“os caminhos da lealdade são
sempre retos”--, quero aqui expressar publicamente a minha vontade de ajudar,
tanto em termos do reconhecimento político (perdido) por parte dos cidadãos,
como no que se refere ao apoio para governar. Porque, tal como diziam os
clássicos: “Quem te avisa, teu amigo é”. E aqueles que não conhecem o valor da
lealdade, nunca irão apreciar o custo da traição. É melhor Dr. Passos Coelho, que – lhe firam com a verdade, do que lhe
destruam com a mentira--.
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Os rumores (que são o prelúdio
da notícia) dizem que: o senhor prevê “Recandidatar-se à Presidência do PPD/PSD”, para poder ter a autoridade moral
e política que Portugal necessita. Se for verdade, seria uma excelente decisão;
nesse caso, também me ofereço para ajudá-lo com lealdade, naquilo que considere
necessário para atingir esse objetivo; porque como disse, Joyce Maynard: --“Uma pessoa
que merece a minha lealdade, deve recebê-la”--.
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Senhor
Doutor Passos Coelho, tudo aquilo que foi dito anteriormente, foi dito com
“lealdade” e “independência” sendo um servidor, ciente de que: - A “independência”, tal como a “honra” é uma ilha rochosa sem praias--. Desejo
que consigo não se aplique a máxima: “Quando começas a perguntar a ti mesmo se
podes confiar em alguém ou não, é quando já sabes que não o podes fazer”. Há
que ter a coragem de falar a verdade, especialmente quando se diz a verdade.
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Por tudo aquilo que foi
anteriormente exposto, e com o devido respeito, para trabalhar, em conjunto, nos
objetivos políticos e nos interesse de Portugal, pergunto: - Quando
é começamos?
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...Tenho dito!
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* É presidente do Instituto Hispano
Luso
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