Por *Ángel Rico
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Depois de ter passado o período suficiente para uma
reflexão racional sobre os resultados obtidos nas “Eleições Legislativas de 2015 em Portugal” devemos, exceto uma
melhor opinião, admitir que: a coligação “Portugal à Frente” obteve um total
de 2,1 milhões votos, o que se
traduz por 104 deputados na “Assembleia da República”. Apesar da
coligação “Portugal à Frente” ter conseguido 239.000 votos a mais do que o seu rival mais próximo, o Partido
Socialista (PS), também se deve ter em conta que conseguiu 754.000 votos a menos, em relação ao resultado que a coligação
governamental (PPD/PSD-CDS/PP) obteve isoladamente em 2011. Neste sentido, é
urgente perguntar porquê?
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Os partidos “Bloco
de Esquerda (BE)” e a “Coligação
Democrática Unitária (CDU)”, formada pelo “Partido Comunista” e “Os Verdes”, que obtiveram 550.000
votos (19 deputados) e 445.000 votos (17 deputados) respectivamente,
tornaram público que agiram de acordo com o manual, ou seja, apresentaram no
menor tempo possível uma moção de censura, esperando que o PS apoiasse esse
movimento. Se o PS aceita esta moção, toda a esquerda tocará o poder; e em caso
contrário, o PS será claramente um partido “charneira” que servirá de suporte à
coligação de partidos de centro-direita.
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Tenho que tornar público que na noite eleitoral, após
a contagem dos votos das diferentes “freguesias” e a intervenção dos principais
representantes das diversas candidaturas, fiquei positivamente surpreendido
pelo discurso de António Costa, aspirante a Primeiro-Ministro pelo PS que,
dominando a adrenalina, divulgou o melhor discurso pronunciado na noite de quatro
para cinco de outubro. Foi um “Discurso
de Estado” que colocou os interesses de Portugal acima dos seus próprios interesses
partidários e políticos.
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Os discursos em simultâneo pronunciados pelo duo
vencedor (vencedor?) Pedro Passos Coelho
e Paulo Portas, estiveram cheios
de autocomplacência: “Portugal à Frente”
ganhou as eleições, o que sendo verdade era altamente sofística, porque quem
realmente ganhou nas “Legislativas de 2015” foram os “abstencionistas” (4,1
milhões - 43,1 %) e o conjunto
dos partidos de esquerda, que obtiveram: 748
mil votos e 18 deputados mais.
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A representante do “Bloco de Esqueda” Catarina Martins
– como ex-atriz (cofundadora da companhia de teatro Visões Úteis) recitou, o
previsível solilóquio político dando a entender que “eles” o (BE) tinham sido os
vencedores, quando na realidade a coligação obteve 1,5 milhões de votos mais, que o partido da voluntariosa atriz
bloquista, que durante a campanha eleitoral, recitou uma e outra vez, um papel previamente
aprendido, sem entender o que na realidade estava declamando. Essa performance teatral permitiu aumentar o
número de deputados na Assembleia da República de 8 a 19 ou
seja, um aumento de 238%.
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Se aceitarmos os dados acima, teremos que responder à
pergunta: Porque é que a coligação
governamental perdeu tantos votos, e provocou uma abstenção própria do terceiro
mundo? - Resposta: por excesso de “satisfação”, em grande parte da equipa
do governo, liderado por Passos Coelho e Paulo Portas. É certo, porque de fato
essa é a realidade, que Passos e Portas realizaram um trabalho de liderança
política durante a última legislatura. E também é certo, que uma parte do seu
governo, nomeadamente o Ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro, o Ministro do
Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva e a Ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas demonstraram ter
estatura política, a meu ver, claramente melhorável, uma vez que, durante toda a legislatura fizeram
crer que “tudo estava a mudar, quando na realidade tudo continuava igual” tal
como na obra do Gatopardo.
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O Primeiro Ministro e o Vice Primeiro Ministro de
Portugal, são culpados in vigilando, por
não terem tido a coragem suficiente para cessar, de imediato, todos aqueles que
na XII Legislatura foram um “lastre” para o governo em vez de um impulso. E em nenhum
caso, poderão alegar desconhecimento porque ambos os lideres foram informados, por
escrito, --que é como fazem aqueles que demonstram lealdade--, sobre uma série de situações
que: “Nós os cidadãos devemos tratar as petições da coligação com o mesmo interesse
ou indolência que o XIX Governo Constitucional teve connosco durante toda a
legislatura, um quid pro quo que deverá
ser compreendido”. E como se pode comprovar, aquele aviso foi cumprido. E
refiro-me aos números do aumento da abstenção nos vários distritos.
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Para resolver um problema (qualquer problema) é
essencial admitir que esse problema existe. E se o próximo governo (em minoria)
quer ter êxito com os seus objetivos estabelecidos no “Acordo de Governo e de Colaboração Política entre PSD e CDS/PP”
para o bem dos interesses de Portugal e dos portugueses, deve começar por
assumir que: Alguns dos membros do governo (em exercício) não deveriam repetir,
porque assim será impossível cumprir aquilo que ficou estabelecido na alínea
“e” do “Acordo de Governo” –
Promover
a eficiência do Estado, de forma a torná-lo mais próximo dos cidadãos e mais
amigo das empresas. Porque é preciso reconhecer que, independentemente do
acerto que as políticas públicas substantivamente apresentem, as estruturas da
Administração e os procedimentos em que esta assenta, pese embora o muito que
já se fez nos últimos anos, não conseguem ainda dar integral resposta, e em
tempo adequado, aos anseios das pessoas e dos agentes económicos –.
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Pedro
Passos Coelho e Paulo Portas devem recordar aquilo que
disse Honoré de Balzac: “A
burocracia é uma máquina gigantesca manuseada por pigmeus” e quando a sociedade
toma consciência de tanta burocracia, abstem-se ou vota na oposição... Assim
acontece!
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...
Tenho dito!
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Presidente do Instituto Hispano Luso
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