* Por Ángel Rico
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Em conformidade com
o estabelecido nos manuais de táticas políticas, o Presidente da República de Portugal, indigitou como
Primeiro-Ministro o líder da coligação Portugal
à Frente (PaF) – Pedro Passos Coelho, para que este formasse governo. Este movimento, idêntico ao que se passa no
xadrez quando se move o peão branco da casa de saída, tem por objetivo que o
jogo continue, ou seja, que a “outra parte” se mova. Quando Passos Coelho, encarregue de formar
governo, só conta com 107 votos a favor na Assembleia
da República face os 123 contra, a aprovação de qualquer proposta governamental,
começando com a aceitação do XX Governo
da República, é quase missão impossível. Quando Cavaco Silva, no seu discurso disse: “É aos Deputados que
compete decidir, em consciência e tendo em conta os superiores interesses de Portugal,
se o Governo deve ou não assumir em plenitude as funções que lhe cabem. Como Presidente
da República assumo as minhas responsabilidades constitucionais. Compete
agora aos Deputados assumir as suas”, estava a fazer um chamamento para que
pelo menos dez (10) deputados do PS, votassem a favor do novo governo,
ou que dezassete (17) deputados do PS, se ausentassem durante a votação. Assim,
só assim, o teórico governo de Passos
Coelho poderia começar.
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Se você, caro
leitor, quer saber a minha opinião, creio que os vários grupos parlamentares, PS, BE e PCP, que em termos de
programação só estão unidos por aquele provérbio árabe: “O inimigo do meu
inimigo, meu amigo é” – votarão contra a proposta de governo da maioria minoritária;
forçando uma “moção de censura (destituição)” para eleger um governo radical e
insustentável, com muitas dificuldades em conseguir uma governabilidade duradoura
que defenda os interesses gerais de Portugal.
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Os cidadãos em
geral, e os 4,3 milhões de abstencionistas em particular, devem estar cientes
de que esta perigosa situação, não foi provocada pela “indigitação” do Presidente da República, mas por aqueles
que podendo ter votado, não o fizeram, apresentando uma realidade política
totalmente difusa, em que se pode defender uma coisa e o seu contrário.
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Em todo o caso,
entre outras coisas, devemos recordar que: o BE é um partido cujo único (único!) objetivo é quebrar o atual
sistema político e social, e refiro-me ao artigo 1.2 dos seus estatutos, que
diz o seguinte: “O Bloco de Esquerda, adiante também referido como Movimento,
inspira-se nas contribuições convergentes de cidadãos, forças e movimentos que
ao longo dos anos se comprometeram e comprometem com a defesa intransigente da
liberdade e com a busca de alternativas ao capitalismo”.
É então que surge a
pergunta: pode o PS formar um governo (contra-Natura) com alguns partidos que
querem levar a economia portuguesa à
dinâmica comunista do início do século XX? Será que os colegas da Internacional Socialista, poderiam entender
esse “abandonar de funções” da ainda, cúpula do PS? Será que é tão difícil de entender, por parte do PS, que “digam o que disserem” um pacto
com o BE só vai dar origem à fábula
“do escorpião e da rã”? (Em que o PS,
será sempre a rã).
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A hipotética,
metamorfose do BE, que defendem aqueles
personagens do PS, que querem um
acordo “custe o que custar” (PS + BE +
PCP), em minha opinião não seria semelhante à evolução que sofreu o CDS-PP, abdicando da inicial deriva anti-europeia
ou euro-céptica para permitir a coligação nas Legislativas de 2002 (em que o PPD/PSD, de Durão Barroso obtêve 105 deputados e o CDS-PP de Paulo Portas,
14 deputados) e em 2011 (108 PSD + 24
CDS-PP) para tornar viável o governo de coligação da XII Legislatura. A transformação esperada pelo BE é metafisicamente impossível porque ao abandonar “o radicalismo
genético” o BE, tornar-se-ia num
descafeinado PS, e ainda assim, este
duo teria dois deputados a menos que a “PaF”
pelo que necessitariam do apoio dos comunistas, que esta semana, apelaram no Parlamento Europeu para que a UE aprovasse ajudas para países (como Portugal), que poderiam deixar de
pertencer ao Euro-grupo. Com estas “tropas”, querem alguns membros do PS, governar em Portugal. Esquecendo que “nenhum governo é melhor do que os políticos que o integram (Kennedy)”.
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Se, após a destituição,
pela impossibilidade de ser constituído “o governo nascituros” de Passos Coelho, (XX Governo Constitucional)
um governo radical alcançasse a responsabilidade de dirigir o país, a inerente
radicalidade do BE e do PCP forçaria
a novas eleições legislativas no verão de 2016. Porque uma vez mais se confirma
aquilo de: “cada nação tem o governo que merece”.
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Outra questão que
os líderes do “PaF” deveriam ter presente
é que também são responsáveis pela a
situação ambígua que hoje se vive em Portugal:
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Em primeiro
lugar, a reiteração de “demasiados atos de indiferença” por vários membros
do governo. A sua forma de governar durante a legislatura anterior, levou à
perda de 750.000 votos em relação a 2011, e à incompreensível apatia de se
envolver em projetos geradores de emprego, de riqueza e de PIB (e refiro-me concretamente, aos responsáveis do Desenvolvimento Regional; Agricultura e Mar; Ambiente, Ordenamento do
Território e Energia). E se não acreditam nas minhas palavras,
aconselho a que falem com os cidadãos das zonas rurais que se sentem abandonados,
para que conheçam o que muitos contam a este servidor.
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Em segundo
lugar, o “fomento da abstenção”, com uma campanha eleitoral em que predominou
a auto-complacência, e uma linguagem de políticos que é rejeitada por incompreensível
pelos cidadãos independentes (deixai que o povo pense quem o governa, e este se
deixará governar).
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E em terceiro
lugar, a “falta de tato” nas
negociações para chegar a um acordo pós-eleitoral com o PS e poder negociar sobre um programa político que tornasse possível
a governação em Portugal.
Os líderes do “PaF”
esqueceram que “as moscas se apanham com mel e não com vinagre” e que para chegar
a um acordo (qualquer tipo de acordo) é necessário repreender a outra parte e,
tal como me contaram alguns representantes do PS, “a participação na TVI de Assunção
Cristas, tornou impossível, um hipotético acordo posterior com o PS. Depois da pouco diplomática intervenção
de Cristas na TVI, em que expeliu toda bílis armazenada em relação a António Costa e ao PS, era impossível um acordo político de legislatura. Na História de Portugal, haverá “um antes
e um depois” da intervenção de Cristas.
É espectável que os partidos políticos em geral, e o CDS-PP em particular, aprendam que para alcançar um acordo político
é necessário chegar ao início das hipotéticas negociações, vindo “des-biliado”
de casa. Nas escolas mundiais de Ciências
Políticas, é obrigatório passar o vídeo de Cristas intitulado “como agir para tornar impossível um acordo
político”.
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Chegados a este
ponto, devemos pensar naquilo que disse Leon
Tolstoy: “É mais fácil fazer leis do que
governar” sem esquecer as palavras de Alberto
Moravia: “Curiosamente os eleitores não
se sentem responsáveis do governo que elegeram”... É mesmo isso!
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…Tenho dito!
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* É Presidente do Instituto Hispano Luso
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