* Por Ángel Rico
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Se após as sucessivas “danças” de cortejo partidárias,
para conseguir o emparelhamento, que consiste em sinais de três tipos:
“químicos, acústicos e visuais” como no mundo das aves, não se tivesse alcançado
uma proposta razoável de governo e, portanto, com apoio insuficiente na Assembleia da República, caberia ao Presidente, Cavaco Silva tomar uma
decisão diferente das já comentadas em hipóteses anteriores; prevalecendo assim
a hipótese de manter em funções o atual governo até depois das próximas Presidenciais de 2016, sendo o novo Presidente
o responsável de dar o próximo passo.
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Os protagonistas, diretos e indiretos, nas
negociações para formar governo em Portugal
têm mostrado desconhecer aquilo que disse o advogado e político francês, George Danton: “Para derrotar os
inimigos da República, é necessário ter audácia, audácia e mais audácia”. A falta
de audácia e o excesso de “burocratitis” mantêm Portugal numa inaceitável
encruzilhada política e social, faltando a determinação (e parafraseando de
novo a Danton), “Para vencer, precisamos de nos atrever”. Neste caso concreto,
ninguém se atreve a ser ousado; mantém-se uma incompreensível troca de correspondência,
que se pode qualificar de imatura e de fraca qualidade política.
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Tive conhecimento de que no passado sábado,
num grande hotel em Lisboa, um notável grupo de jovens socialistas se uniu em
privado, e durante o jantar, concordaram com a seguinte proposta: apoiar (desde
o grupo de deputados do PS) “um governo de concentração nacional” juntando-se
na Assembleia da República à coligação “PaF”,
numa causa comum, durante a próxima legislatura, em que se esqueceriam as diferenças e se adotariam medidas que contribuíssem
para superar a situação atual. Para tal, seria condição sine qua non, o desaparecimento da primeira linha política dos três
infrutíferos protagonistas, “Passos
Coelho, Paulo Portas e Antonio Costa”. É Obvio que a coligação “PaF” teria a responsabilidade de
sugerir vários candidatos a Primeiro-Ministro.
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Essa “conspiração socialista” poderia ser
considerada “de bom tom”, demonstrando que existem pessoas dispostas a salvar Portugal. Como disse o filósofo e
político espanhol, Ortega y Gasset, “a
República só pode salvar-se se pensarmos em grande, se nos livrarmos do pequeno
e se soubermos projetar o futuro”. Porque o desafio é aquilo que está para vir.
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Você respeitado leitor, já conhece a minha
opinião sobre “um possível governo de Pedro
Passos Coelho, como Primeiro-Ministro”
com o insuficiente apoio parlamentar na Assembleia
da República, o que deixaria o
país numa insegurança jurídica, legislativa e executiva inaceitável, dado que o
novo governo não teria capacidade para aprovar qualquer lei. Desde a oposição
radical e insensata do BE e do PCP, que se estaria numa censura
permanente e sufocante, porque para estas tendências políticas, “quanto pior
(para Portugal) melhor para os seus
interesses”. Não hesitando em
levar Portugal a um espaço de “terra queimada”, que salvo
duvidosos benefícios políticos, entre o seu eleitorado mais radical, seria
traumático para a maioria dos interesses dos cidadãos.
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A dinâmica dos porta-vozes do “PaF” de “vencemos, vencemos, e
vencemos” é a prova de que não deve estar tão clara uma questão que merece ser
repetida insistentemente. Os pontos de vista de Paulo Portas, em entrevista à TVI (dia 19 de outubro), embora sendo
certos, são irrelevantes para obrigar o PS,
de Antonio Costa, a participar direta ou indiretamente numa governabilidade
em que não querem participar. Por outro lado, também não está regulamentado que
quem obtenha mais deputados deve governar, quando a soma de toda a oposição tem
maior representação parlamentar; porque, se assim fosse, levaria a República a uma situação inaceitável de
ingovernabilidade.
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Igualmente negativo para os portugueses
seria um possível “governo de perdedores” (PS
+ BE + PCP), onde se cairia na dinâmica de “não me critiques a mim, que eu
não te criticarei a ti!”, portanto, daqui à anarquia (falta de poder público,
confusão e incoerência) levaria apenas três semanas. E, como sabemos, “a
anarquia é a menos estável das estruturas sociais”, parafraseando a Bill
Clinton, devemos recordar aquela frase: “...is
the economy, stupid!” (... é a economia, idiota!)
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Numa situação tão
volátil, só ganhariam a demagogia e a incoerência daqueles que baseiam em descaradas
trapaçarias as suas propostas políticas, como Catarina Martins do BE, que
é capaz de recitar alguns versos de Os Lusíadas (Lusitânia, com força e bélica arte, / E acabou de oprimir a nação forte, / Na
terra que aos de Luso coube em sorte), com o
mesmo artifício teatral, que uns parágrafos do seu programa
marxista-leninista: “é necessário rejeitar o tratado orçamental, resgatar a
democracia, dando aos povos a possibilidade de se pronunciar sobre as políticas
europeias, nomeadamente através de referendo... A reestruturação das dívidas
soberanas para pôr fim à austeridade e diz que essa via tem sido adiada pela
União europeia. .. A finança está a sangrar a economia dos países e, portanto,
a reestruturação das dívidas não pode ser mais adiada... não é possível ter
políticas de crescimento aceitando as lógicas do Pacto de Estabilidade e dos
programas de ajustamento, ou seja, da austeridade imposta pela via da União
Europeia, pela via do Tratado Orçamental", etc.)
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Para o BE, a crise é uma conjuntura que será aproveitada ao máximo para obter
protagonismo e melhorias nos seus resultados eleitorais. Um exemplo ilustrativo
desta situação é a nomeação de Marisa
Matias, como candidata às Presidenciais de 2016, que ao contrário dos
outros candidatos até agora conhecidos, será a única a beneficiar das
possibilidades económicas e logísticas, facilitadas por ser Deputada Europeia.
Quando seria mais elegante demitir-se do Parlamento
Europeu, concorrendo em igualdade de condições. O fato é que, no caso de
não ser eleita, Marisa Matias terá
assegurado o seu lugar no Parlamento
Europeu alegando que “todos olham para os seus interesses, menos eu (M. Matias) que olho para os meus!”.
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Esse é o risco que ameaça os portugueses, que
aqueles que nunca aspiraram a governar utilizem a situação em seu próprio benefício.
Tão grande é a fúria do egoísmo que não duvidarão em perder um olho, desde que
o inimigo perca ambos. Recordando aquela história: “Era uma vez um homem muito
egoísta a quem um dia lhe apareceu um génio, que lhe concedeu um desejo. O
homem todo contente disse ao génio que queria “cinquenta milhões de contos”.
Então o génio disse-lhe que sim, mas impôs-lhe uma condição; “o dobro do que
ele pedisse seria dado ao seu inimigo”. O homem pôs-se a pensar antes de pedir...
Passados alguns minutos, com toda a certeza disse ao génio. “Já dei o que
pedir! Se ao meu inimigo lhe vais dar o dobro do que me dás a mim, então tira-me
um olho”.
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A condição humana deve servir para impedir
a moral desta história: Portugal
está à deriva até abril de 2016. Aníbal
Cavaco Silva tem a obrigação de recordar Isócrates: “O sábio lembra-se do
passado, aproveita o presente e antecipa o futuro” – Por isso Cavaco Silva deve passar à história,
não só por ser o XIX Presidente da
República, mas também por tornar possível, o que politicamente é possível
fazer. Face ao exposto, seria negativo prolongar o atual status quo até 2016; para evitar esse risco, devem-se convocar eleições
legislativas já!
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…Tenho dito!
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* É Presidente do Instituto Hispano Luso
Que tal um país sem governo?
ResponderEliminarMarisa Matias: Declaração do Presidente da República expulsa um milhão de portugueses da democracia
ResponderEliminarhttp://www.jornaldenegocios.pt/economia/politica/detalhe/marisa_matias_declaracao_do_presidente_da_republica_expulsa_um_milhao_de_portugueses_da_democracia.html