lunes, 2 de noviembre de 2015

Carta aberta a Pedro Passos Coelho, Primeiro-Ministro de Portugal e Presidente do PSD

* Por Ángel Rico
.
Respeitado Senhor, Dr. Passos Coelho,
.
Começo por recordar que tive o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, em 24 de abril de 2009, em Portalegre, naquele almoço privado de (6 pessoas), em que tivemos a oportunidade de falar sobre a política do momento, em Portugal e em Espanha, e daquilo que esperávamos para o futuro. O senhor, como eu, éramos (então) dois cidadãos sem qualquer cargo orgânico em partidos políticos. Por isso, quando em 20 de março de 2010, foi eleito Presidente do Partido Social-Democrata (PP/PSD) em Portugal, eu fui uma das pessoas que mais se alegrou por essa eleição, e essa satisfação aumentou quando o senhor foi eleito, a 21 de junho de 2011, para dirigir o XIX Governo de Portugal, na XII Legislatura, tendo maioria absoluta com 132 apoios na Assembleia da República. Devo dizer-lhe que, um servidor, atualmente continuo a ser independente, mas não cego.
.
Desde então, em privado e em público; oralmente e por escrito; em Espanha, Portugal e na Bélgica (Bruxelas), defendi a minha crença de que: o senhor tiraria Portugal da enorme situação de crise em que se encontrava, devido às prejudiciais políticas governamentais, aplicadas por governos anteriores. Inclusive, um grupo de empresários empreendedores profissionais e engenheiros, decidimos trazer para Portugal vários projetos de “Turismo”, de “Investigação e apoio à Medicina moderna”, e de “Desenvolvimento Rural”; este último foi aquele que serviu para que o senhor e eu nos conhecêssemos no Instituto Politécnico de Portalegre em 2009. O projeto de “Desenvolvimento Rural” é horizontal e inovador, gerador de emprego, que irá colaborar com a Segurança Energética de Portugal, colocando à disposição da sociedade uma admirável quantidade de I+D+i, fixando a população rural ao território e aumentando de forma notável o PIB nacional. Para que este projeto seja uma realidade apenas necessitamos de “uma pessoa designada por si, que possa coordenar com autoridade os diferentes departamentos governamentais envolvidos no mesmo”.
.
O nosso entusiasmo era contagiante em 2012 e 13. Fomos-lhe informando de todos os passos íamos dando, através do seu Gabinete.  Contudo, esse entusiasmo foi-se transformando pouco a pouco em melancolia quando chegaram os anos 2014 e 15, e até então ter sido “impossível” efetuar uma reunião com um departamento do governo com capacidade de tomar decisões. Todas as vezes que as reuniões técnicas efetuadas com diferentes Chefes de Serviço indicavam que, correspondia ao topo da pirâmide governamental, tomar as decisões pertinentes. Foi impossível, durante a XII Legislatura realizar uma reunião consigo ou com os Ministros ou Secretários de Estado com responsabilidades no Projeto! Impossível em toda a XII Legislatura!
.
No seu gabinete não nos deixarão mentir, porque lhe fomos dando conhecimento (uma e outra vez) da nossa decepção, pela forma de atuar de diversos membros da equipa do governo. O pior não foi a decepção daqueles que estão a desenvolver os diversos projetos; o pior foi a decepção de milhares de portugueses de diferentes áreas, que devido ao marasmo governamental, não puderam beneficiar dos possíveis resultados destes projetos, e foram esses portugueses que o olharam a si e ao Dr. Paulo Portas com uma assombrosa incredulidade. E nós, não podíamos continuar calados quando estávamos cientes de que, em matéria de Desenvolvimento Rural, o XIX Governo Constitucional, às vezes ia na direção errada e outras vezes simplesmente não se movia.
.
Gostaria de sugerir-lhe que, para retomar o rumo certo que Portugal e o PSD necessitam, basta voltar a ler o livro “Mudar” escrito por si, em 2010, e aplicar a sua filosofia.
.
A nossa confiança em si ficou demonstrada através do documento que registamos no dia 31 de Julho (com cópia para o Vice Primeiro-Ministro), na sede do Primeiro-Ministro, em que insistíamos na possibilidade de nos reunirmos consigo e que, entre outras coisas, lhe dissemos: --“Devemos tratar as petições ao partido de V. Exa. com o mesmo interesse ou indolência que o XIX Governo Constitucional teve connosco durante todo este tempo, um quid pro quo que deverá ser compreendido”--. (sic)
.
Em quatro de outubro, os portugueses puderam manifestar-se e infelizmente para Portugal e para si, nós tínhamos razão! Se “vox populi, vox dei” a voz do povo indicou que o futuro governo tem de ser menos apático e mais dinâmico do que o governo anterior, em que o Sr. Primeiro-Ministro, se propôs a “trabalhar diariamente como 20” em vez de “fazer com que 20 (da sua equipa) efetuassem as suas funções”.
.
Os 4.273.748 de portugueses que não votaram, mais os 112.851 que votaram em branco, juntamente com os 738,754 apoios perdidos pela “PaF” respeitante a 2011, o que significa 25 deputados menos na Assembleia da República, deveria ter significado dentro do PPD/PSD uma importante chamada de atenção para admitir que: --algo se fez mal e que é urgente resolver os erros do passado para recuperar o apoio perdido--. Não faça caso das minhas palavras, Dr. Passos Coelho, mas recorde Confúcio quando disse: -- “O homem que cometeu um erro e não corrige, está a cometer um erro ainda maior”--.
.
Com a mesma lealdade, com a que avaliei as expectativas do seu governo em 2011 e 2012, também critiquei o posterior deambular do mesmo em matéria de Desenvolvimento Rural nos anos 2013, 2014 e 2015. Neste momento, Portugal encontra-se numa perigosa encruzilhada política, e os portugueses questionam, com certa lógica, o Primeiro-Ministro e a sua liderança. Por isso, e baseando-me em Charles Dickens: --“os caminhos da lealdade são sempre retos”--, quero aqui expressar publicamente a minha vontade de ajudar, tanto em termos do reconhecimento político (perdido) por parte dos cidadãos, como no que se refere ao apoio para governar. Porque, tal como diziam os clássicos: “Quem te avisa, teu amigo é”. E aqueles que não conhecem o valor da lealdade, nunca irão apreciar o custo da traição. É melhor Dr. Passos Coelho, que – lhe firam com a verdade, do que lhe destruam com a mentira--.
.
Os rumores (que são o prelúdio da notícia) dizem que: o senhor prevê “Recandidatar-se à Presidência do PPD/PSD”, para poder ter a autoridade moral e política que Portugal necessita. Se for verdade, seria uma excelente decisão; nesse caso, também me ofereço para ajudá-lo com lealdade, naquilo que considere necessário para atingir esse objetivo; porque como disse, Joyce Maynard: --“Uma pessoa que merece a minha lealdade, deve recebê-la”--.
.
Senhor Doutor Passos Coelho, tudo aquilo que foi dito anteriormente, foi dito com “lealdade” e “independência” sendo um servidor, ciente de que: - A “independência”, tal como a “honra” é uma ilha rochosa sem praias--. Desejo que consigo não se aplique a máxima: “Quando começas a perguntar a ti mesmo se podes confiar em alguém ou não, é quando já sabes que não o podes fazer”. Há que ter a coragem de falar a verdade, especialmente quando se diz a verdade.
.
Por tudo aquilo que foi anteriormente exposto, e com o devido respeito, para trabalhar, em conjunto, nos objetivos políticos e nos interesse de Portugal, pergunto:  - Quando é começamos?
.
...Tenho dito!
.
* É presidente do Instituto Hispano Luso

No hay comentarios:

Publicar un comentario