lunes, 29 de abril de 2013

COMO CONQUISTAR OS TURISTAS MAIS PRÓXIMOS


*Por Ángel Rico

Por natureza, o ser humano ambiciona obter bens e serviços que se deparam num escalão superior àquele a que socialmente se encontra. Neste sentido, pensamos que as ofertas de turismo devem ser de qualidade média/alta, para poderem captar um turismo específico e, portanto, um turismo com uma capacidade de aquisição acima da média.
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Os últimos inquéritos sociológicos realizados com turistas espanhóis, através do Instituto Hispano-Luso, revelaram dados interesantes que devem ser tidos em conta por parte da indústria turística portuguesa, a saber:
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1.-  Os turistas espanhóis que, no passado, procuraram as praias do Este da Península Ibérica para passar férias, agora podem contar com outra  alternativa, até ao momento desconhecida: o Oeste, que fica a uma distância semelhante a partir de Madrid. É, portanto, necessário que estas propostas relativamente a Portugal sejam conhecidas pelos potenciais turistas espanhóis.
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2.- Por questões políticas, algumas regiões do Norte peninsular, converteram-se em “antipáticas” para numerosos turistas do resto de Espanha, que agora poderão considerar novas propostas turísticas, inclusive de maior qualidade, relacionadas com Praia, História e Cultura em Portugal. E não só no que se refere ao turismo estival, mas também, em pontes, feriados e mesmo durante todo o ano.
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3.-  É indiscutível que, no mercado turístico, os visitantes dirigem-se maioritariamente aos lugares de maior interesse e geográficamente mais próximos. Tal significa que o turismo espanhol é potencialmente mais interesante para Portugal do que, por exemplo, o turismo alemão ou o sueco. Portugal tem uma localização de excelência, uma vez que está  a quatro horas de automóvel, desde o centro da península.
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4.-  O público-alvo são pessoas com idades compreendidas entre os 35 e os 60 anos, reflectindo um potencial de 17 milhões de espanhóis.
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A História que os dois países têm em comum deve ser um elemento fundamental para fomentar o intercâmbio turístico-cultural, em que convém recordar o seguinte: em 1560, Felipe I de Portugal (Felipe II de Espanha) ordenou:
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--“para  evitar danos e inconvenientes aos caminhantes, de não encontrar nas mesões onde vão a pernoitar, os mantimentos necessários, e por isso ter de os ir buscar fora, vindo como vêm cansados…, ordenamos… que nas mesões destes reinos (Espanha e Portugal) possam ter e vender para o provisionamento e mantimento dos caminantes (…) as coisas de comer e beber, tanto para as suas pessoas como para os seus animais”--
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A História deve ser assim considerada como uma atracção turística actual para ambos os países.
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Num futuro próximo, não podemos descartar novas propostas turísticas, apoiadas  pela história conjunta luso-espanhola como, por exemplo, o comboio turístico Lisboa-Toledo / Toledo-Lisboa que, na época alta (Maio-Setembro), partiria dessas cidades com paragem nas localidades de maior interesse, situadas ao longo da rota – Lisboa, Santarém, Entroncamento, Marvão, Cáceres, Plasencia e Talavera de la Reina –, onde os turistas, com o mesmo bilhete de comboio, poderiam descer em cada estação, conhecer a cidade, hospedarem-se e retomar a viagem no dia seguinte.
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Para a indústria turística portuguesa é importante conhecer as exigências dos potenciais turistas. De forma subtil, há que saber oferecer aquilo que os turistas querem que se lhes ofereça, mas de maneira diferenciada – mais do que esperar que os turistas aceitem as propostas de cada empresa turística de forma individual, semelhantes a muitas outras. Para tal, devem adaptar-se as mensagens, os serviços, os equipamentos e os pacotes turísticos às exigências de um mercado seguro.
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A estratégia de captação turística deve ser conjunta entre todas as empresas que queiram atrair os turistas espanhóis. Sem propostas conjuntas, não se poderão obter sucessos razoáveis de captação e de fidelização de um turismo com capacidade de aquisição superior à média.
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Os potenciais turistas existem, as propostas da indústria portuguesa são amplas e variadas. Agora há que diferenciá-las aumentando o seu nível, de modo a que a gastronomia e a oferta de completas cartas de vinhos portugueses e espanhóis, possam ser uma atracção adicional, que distinga o turismo que se quer captar daquele de “mochila, sanduíche e lata de sumo” que proporciona menos receitas por cada euro investido em promoção.
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De igual forma, para os turistas que desejem desfrutar de bens e serviços que se encontram a um nível superior àquele que socialmente ocupam, é necessário que existam entidades turísticas que se atrevam a oferecer os serviços com a qualidade e o prestígio que os turistas esperam receber e por eles pagar.
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Através do Instituto Hispano-Luso estamos dispostos a fomentar o intercâmbio de turistas entre Espanha e Portugal, mas precisamos de saber: que empresas portuguesas estão dispostas a liderar uma proposta turística de alto nível?
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…He dicho!
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*Es,  Presidente  do Instituto Hispano-Luso
-Artigo publicado na revista "Turismo de Lisboa" (Abril de 2013)-

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